Especialistas discutem os impactos da poluição plástica e reforçam a importância da responsabilidade individual e coletiva na construção de um futuro mais sustentável
Na Semana do Meio Ambiente, a Tropicália Transmissora promoveu uma live no dia 5 de junho, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente. Com foco no tema definido pela ONU para 2025, “O Fim da Poluição Plástica Global”, o evento reforçou a campanha interna “Desplastifique. Não descarte esta ideia”, incentivando os colaboradores a adotarem práticas mais sustentáveis e a reduzirem o uso de plástico no dia a dia.
O evento virtual reuniu colaboradores de diferentes áreas e contou com a mediação da analista de comunicação Withiner Marques. Durante a transmissão, os palestrantes convidados apresentaram reflexões sobre os desafios ambientais atuais e destacaram a importância do engajamento coletivo para a construção de um futuro mais sustentável.
Um chamado global à ação
A especialista em meio ambiente Fabiana Chaves abriu a live com uma linha do tempo sobre a criação do Dia Mundial do Meio Ambiente pela ONU, em 1972, até os debates previstos para a COP 30, que acontecerá em 2025. “Mais do que uma data simbólica, o Dia Mundial do Meio Ambiente representa um chamado global à ação. Reforça a necessidade de transformar conhecimento em atitude. Embora os desafios sejam globais, as soluções começam no cotidiano”, afirmou.
Durante sua fala, a especialista chamou atenção para a pegada ecológica, indicador que mede o consumo de recursos naturais em relação à capacidade de regeneração do planeta. Um QR Code foi disponibilizado para que os participantes calculassem sua própria pegada. “É uma forma prática de refletir sobre nossos hábitos e entender como podemos contribuir, de forma mais consciente, para a sustentabilidade do planeta”, concluiu.
Biodiversidade e poluição plástica
Na sequência, o especialista em meio ambiente Lucas Eva trouxe uma reflexão sobre a biodiversidade e os impactos da poluição plástica. Ele relembrou a campanha “Desplastifique”, promovida pelo grupo desde 2021, como um exemplo concreto de enfrentamento ao problema. “Na minha opinião, a biodiversidade é a parte mais afetada pela poluição plástica e pelos resíduos em geral. O Brasil, que abriga 20% da biodiversidade global, precisa estar na linha de frente dessa luta”, destacou.
Lucas explicou que a biodiversidade é composta por todas as formas de vida: plantas, animais, fungos, microrganismos e pelos ecossistemas que as abrigam. Ele também alertou para os impactos da ação humana, como desmatamento, uso excessivo de agrotóxicos e práticas agrícolas ultrapassadas, que comprometem seriamente o equilíbrio ambiental.
Um dos pontos de maior atenção foi a poluição por microplásticos, partículas com menos de 5 mm, que já foram identificadas até mesmo no corpo humano. “Pesquisas apontam riscos à fertilidade, ao sistema cardiovascular e até a possíveis casos de câncer”, alertou.
Lucas também esclareceu as diferenças entre os tipos de destinação de resíduos:
- Lixão: descarte a céu aberto, sem controle ambiental, com sérios riscos à saúde pública.
- Aterro controlado: alternativa intermediária, com medidas mínimas de controle, ainda inadequada.
- Aterro sanitário: sistema tecnicamente planejado, com impermeabilização do solo, controle de chorume e captação de gás metano.
Ele lembrou que muitos municípios brasileiros ainda recorrem a lixões, muitas vezes localizados às margens de rodovias, expondo comunidades inteiras a riscos sanitários. Como sugestão para ampliar a reflexão, indicou o curta-metragem “Ilha das Flores” (1989), de Jorge Furtado. “Esse filme muda a forma como enxergamos os resíduos, o meio ambiente e até as relações humanas”, afirmou.
Gestão de resíduos sólidos
Encerrando a programação, o engenheiro ambiental Fabrício Fernandes apresentou um panorama sobre a gestão de resíduos sólidos no Brasil. Segundo ele, o país gera cerca de 80 milhões de toneladas de resíduos por ano, dos quais 11,3 milhões são resíduos plásticos. Com uma taxa de reciclagem de apenas 1,2%, o Brasil ocupa o 4º lugar entre os maiores geradores de plástico no mundo.
Fabrício reforçou a importância da Resolução Conama nº 275/2001, que estabelece o padrão de cores para a coleta seletiva:
Entre as boas práticas recomendadas por ele estão:
- Uso de coletores identificados por cores
- Realização de campanhas educativas
- Redução do uso de descartáveis
- Parcerias com cooperativas de reciclagem licenciadas
Fabrício apresentou de forma didática o ciclo de gerenciamento de resíduos, contemplando todas as suas etapas: geração, segregação, armazenamento temporário, coleta, transporte e destinação final. Durante a palestra, foram destacados os procedimentos operacionais e os documentos essenciais à rastreabilidade, como o Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR) e o Certificado de Destinação Final (CDF).
Além disso, contextualizou de forma ampla os R’s da sustentabilidade, ressaltando não apenas os tradicionais (Reduzir, Reutilizar, Reciclar), mas também enfatizando a importância dos novos R’s (Repensar e Recusar) como fundamentos éticos e preventivos na mudança de comportamento ambiental. “Essas ações são simples, mas eficazes. A sustentabilidade depende, sim, das nossas escolhas individuais, mas também das escolhas coletivas”, concluiu.
Campanha “Desplastifique” ganha novo impulso
A campanha “Desplastifique. Não descarte esta ideia”, lançada em 2021, foi criada para estimular a reflexão e a mudança de hábitos no ambiente corporativo. Ao longo dos anos, a iniciativa tem promovido a conscientização sobre os impactos do uso excessivo de plásticos e incentivado uma gestão mais responsável dos resíduos.
Durante a Semana do Meio Ambiente, a campanha ganhou novo impulso com a realização da live e o envolvimento ativo dos colaboradores. A proposta segue sendo a de mostrar que pequenas atitudes podem gerar grandes transformações — e que o compromisso com o meio ambiente começa por cada um de nós.